A crescente presença de pautas ultraconservadoras no âmbito dos costumes no Brasil, somada à ascensão do bolsonarismo, é um dos fatores preponderantes no mapa político nacional. Dessa maneira, emerge como uma das figuras proeminentes desse momento o deputado federal bolsonarista e evangélico Nikolas Ferreira (PL), especialmente por ser conhecido como opositor dos valores da esquerda e por seus ataques às comunidades LGBTQIAP+ e feminista no Brasil. A partir disso, o objetivo deste artigo é compreender como se configura ideologicamente a repulsa ao feminismo e aos grupos LGBTQIAP+ em seu discurso político de fundo religioso. Defendemos a hipótese de que sua narrativa se ampara em premissas conservadoras e reacionárias. Metodologicamente, o trabalho tem caráter misto e se valerá de uma análise textual e discursiva ancorada tanto nos alicerces teórico-metodológicos do contextualismo linguístico de John Pocock e Quentin Skinner, quanto nos estudos da morfologia das ideologias políticas de Michael Freeden. Com um recorte temporal abrangendo os anos 2022 e 2024, os dados do trabalho consistirão tanto no livro e nos eventuais textos publicados pelo parlamentar, como também nas postagens em suas redes sociais (como as plataformas X e YouTube). Além disso, contaremos com o auxílio de um software que capta recorrências e similitudes semânticas (Iramuteq), bem como com o programa de transcrição de vídeos TurboScribe para selecionar os trechos mais substanciais. Os resultados sugerem que o discurso de Nikolas sobre a presente temática se alicerça ideologicamente em valores político-religiosos próprios do conservadorismo e do reacionarismo.