Com o intuito de contribuir para ampliação dos estudos acerca da maternidade, sobretudo aqueles que consideram, simultaneamente, gênero e raça no contexto acadêmico-científico, esta investigação teve como objetivo analisar a vivência da maternidade no cotidiano das estudantes e pesquisadoras mães em sua inserção na Universidade Federal de Minas Gerais. Para alcançar o objetivo proposto, à investigação foi realizada de fevereiro de 2019 a dezembro de 2021 e as entrevistas ocorreram durante o período de isolamento social como medida de biossegurança. Implicada em minha prática feminista, mesmo sob formato virtual e semiestruturado as entrevistas aconteceram com um tipo de relação aproximada e sensível, o que não isentou à interação científica, ao contrário, contribuiu para a produção de significado, acolhimento e fortalecimento. Os dados obtidos evidenciam ausências na universidade, tais como dados que visibilizem a maternidade no ambiente acadêmico-científico, bem políticas de apoio à parentalidade com garantia da inserção e permanência de estudantes, pesquisadoras e cientistas que são mães. Analisados à luz do referencial teórico-crítico do pensamento feminista negro interseccional, especialmente no pensamento da socióloga Patricia Hill Collins em diálogo com intelectuais negras brasileiras, verificou-se uma complexa dinâmica que estrutura e opera as relações sociais no contexto da universidade e ciência.
